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Idade avançada do pai e saúde mental dos filhos: há relação?

Nos últimos anos, a idade paterna tem sido alvo de estudos que analisam sua influência na saúde dos filhos. Embora os homens permaneçam férteis por toda a vida, sabe-se que o envelhecimento impacta a qualidade do esperma, aumentando a ocorrência de mutações genéticas espontâneas. Essas alterações podem estar associadas a um maior risco de transtornos neuropsiquiátricos, como autismo, TDAH e esquizofrenia.

Estudos sugerem que homens acima de 40 anos têm uma probabilidade maior de gerar filhos com transtorno do espectro autista (TEA) quando comparados a pais mais jovens. Isso ocorre porque, com o passar do tempo, as células espermatogênicas acumulam mutações genéticas de forma progressiva. Algumas dessas mutações podem afetar genes relacionados ao desenvolvimento neurológico, aumentando o risco de TEA.

O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) também tem sido associado à idade paterna avançada. Crianças de pais mais velhos apresentam maior prevalência de dificuldades de atenção, impulsividade e hiperatividade. Embora a genética desempenhe um papel fundamental no desenvolvimento do TDAH, fatores epigenéticos e ambientais também podem contribuir.

Outro transtorno que pode ter relação com a idade paterna é a esquizofrenia. Pesquisas indicam que filhos de pais com mais de 45 anos têm até duas vezes mais chances de desenvolver a doença ao longo da vida. Assim como no autismo, acredita-se que mutações espontâneas no esperma possam afetar genes envolvidos no desenvolvimento cerebral, aumentando a vulnerabilidade para o transtorno.

É importante ressaltar que esses riscos não significam que todos os filhos de pais mais velhos terão esses transtornos, mas sim que a incidência é ligeiramente maior nessa população. Além disso, muitos fatores contribuem para o desenvolvimento dessas condições, incluindo predisposição genética, ambiente e estilo de vida.

Para casais que planejam engravidar, a idade paterna deve ser um fator a ser considerado, especialmente em casos de histórico familiar de transtornos psiquiátricos. A adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e controle do estresse, pode contribuir para a saúde reprodutiva. Quando necessário, a avaliação médica e aconselhamento genético podem auxiliar na tomada de decisões, garantindo uma gestação mais segura e planejada.

DR LUIS CLÁUDIO